O Giardino Buffet, negócio social do Movimento Saúde Mental (MSM), foi destaque na reportagem “Um país chamado favela: moradores assumem protagonismo nos negócios”, de Carol Kossling, publicada pelo jornal O Povo.

Um trecho da reportagem conta a história e o impacto social e econômico do Giardino Buffet. O negócio social foi inaugurado em março de 2022 e é impulsionado pela Somos Um. Confira:

Ocupação profissional proporciona autonomia e autoestima

 Além da parte financeira, as empresas que estão surgindo no momento seguem uma nova dinâmica econômica, pautada pelo propósito. O lucro deve ser consciente e respeintando questões sociais, ambientais e de governança, que contemplam a sigla ASG .

“As mulheres que hoje prestam serviços viviam apenas com o auxílio do (antigo) Bolsa Família (hoje Auxílio Brasil). Hoje, complementam sua renda e isso traz autonomia e, principalmente, autoestima”, revela a CEO do negócio de impacto Giardino Buffet, Natália de Sousa Martins.

Foto: FERNANDA BARROSO/O POVO Giardino Buffet além de proporcionar uma ocupação gera autonomia e autoestima para as participantes

O projeto nasceu a partir de um trabalho realizado pelo Movimento Saúde Mental, na comunidade do bairro Bom Jardim, na Escola de Gastronomia Autossustentável, em parceria com o curso de Gastronomia, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

A união de todos estes agentes proporcionou um negócio social que oferece serviço de buffet, em que o lucro é revertido para a sustentabilidade do Movimento Saúde Mental, gerando impacto social direto e indireto na comunidade do Bom Jardim.

Foto: FERNANDA BARROS/O POVO Natália Martins cuida pessoalmente da horta do buffet que funciona no Bom Jardim

De acordo com a CEO, o objetivo do projeto é oferecer oportunidades de trabalho e geração de renda, preferencialmente para mulheres, com propósito de solucionar a falta de emprego e a desigualdade social.

Contribuindo, assim, para a redução da pobreza no território do Bom Jardim alinhadas com três Objetivos de Desenvolvimento Social (ODS): igualdade de gênero; trabalho decente e crescimento econômico; e redução das desigualdades.

O grande diferencial é o trabalho com a gastronomia e a terapia, tendo a cozinha como lugar de cura.

Quem faz parte deste projeto é a gastrônoma e chef de cozinha, Geórgia Goiana, 44. Ela recebeu o convite da própria Natália para estar à frente do buffet, pois havia sido professora de cursos de gastronomia lá.

“Na implementação do buffet havia a necessidade de uma chef e que fosse mulher. O trabalho iniciou em outubro de 2021 com um evento para um apoiador do Movimento de Saúde Mental. A partir daí, só cresceu a lista de contratos”, relembra sobre o início.

Foto: FERNANDA BARROS/O POVO Com alegria e prazer a chef de cozinha Gergiana Goiana multiplica seus conhecimentos com a equipe. o povo

A rotina está bem intensa, sempre com eventos semanais como coffee breaks, almoços, jantares, eventos corporativos. Para Geórgia, o buffet hoje é uma parte da renda, já que também é personal chef e realiza consultorias para o setor gastronômico e dá aulas.

“Quando vejo a evolução de cada uma delas, quando falam que querem aprender comigo, que estão se encantando pela gastronomia… são experiências de vida que elas apresentam a partir das suas próprias conquistas. Dizem que não querem parar e querem buscar mais e mais”, celebra.

Empresas estão investindo em projetos com propósitos

 A Giardino Buffet, assim como outros projetos espalhados por comunidades de Fortaleza, é acelerada pela Somos UM, ou seja, tem o seu projeto apoiado, auxiliado estruturalmente e impulsionado financeiramente.

A CEO da Somos Um, Ticiana Rolim, analisa que a lógica do capitalismo foi muito eficiente em gerar riqueza, mas nada eficiente em distribuir.

É aí que entra o que a nova economia, que gera maior equilíbrio e justiça na distribuição dessa riqueza.

“É óbvio que a gente já sabe que aumentar o Produto Interno Bruto (PIB), aumentar a bolsa, abrir mais empresas ou gerar mais empregos não interferem diretamente na distribuição de renda, nem na diminuição da desigualdade”, declara.

Foto: Thais MesquitaTiciana Rolim, CEO da Somos UM, convida todos para olharem para a desigualdade como o maior desafio da humanidade hoje, ao lado das questões ambientais.

Ela continua dizendo que o que vai interferir é o nível de consciência com o qual cada um está tomando de decisões.

“A gente precisa olhar para a desigualdade como o maior desafio da humanidade hoje, junto à questão do desequilíbrio ambiental. A pandemia foi um catalisador daquilo que já era necessário. Ela veio escancarar ainda mais o que já estava na nossa cara e não estávamos enxergando. A gente precisa agir urgente. E é isso que a Somos UM vem fazendo”, relata.

 Conheça os projetos da Somos UM

Capitalismo mais justo e equilibrado

 A proposta é ter um capitalismo mais justo e equilibrado, que distribui renda e que não existe apenas para gerar lucro e, sim, para resolver problemas socioambientais, sobretudo.

“Não estou fazendo apologia à pobreza, nem falando que é necessário exterminar o lucro. Mas que ele não deve ser só o objetivo final de uma empresa, porque quando você decide que o objetivo final de uma empresa é gerar lucro, você não está olhando para o impacto que ele gera na cadeia”, diz Ticiana.

Segundo ela, os investidores vão exigir cada vez mais relatórios de impacto. Os jovens não vão mais ficar na sua empresa se ela não tiver um propósito e não estiver resolvendo problemas sociais ou ambientais.

As empresas não vão conseguir reter talentos. Os clientes, cada vez mais, não vão comprar “o que” se faz, mas sim o “como” e “o porquê” se faz.

 

Fonte: Jornal O Povo, veja matéria completa na edição do dia 1/9/2022.