A sede do Movimento Saúde Mental abriga as atividades administrativas e de gestão, juntamente com a equipe de comunicação, sendo também o espaço de realização de reuniões da coordenação. A casa acolhe amigos/as, visitantes, estudantes, brasileiros/as e estrangeiros/as, que nos visitam para momentos de imersão e conhecimento mais profundo da realidade das periferias brasileiras, assim como para ajuda humanitária.
É ainda um espaço especialmente dedicado a estimular um dos princípios do Movimento, a Ecofilia, onde diversos animais convivem harmoniosamente com as pessoas, desde cachorros, gatos, calopcitas, coelhos, galinhas, entre outros. Compreende-se que a saúde mental depende do aprofundamento das nossas relações com a natureza, a partir das conexões sistêmicas de todos os seres, através da teia que nos interliga e faz interdependentes. Princípio que na tradição do povo Lakota Sioux, dos Estados Unidos, pode ser traduzido pela expressão “Mitakuye Oyasin”, que significa “Somos todos parentes”.
Antes de tornar-se sede do MSM, a casa abrigou o trabalho pastoral dos missionários combonianos na região do grande Bom Jardim, entre os anos 1980 e 2000. Este é o lugar de referência do rico trabalho pastoral realizado em conformidade com o que pregavam as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que contribuíram para transformar o Grande Bom Jardim num celeiro de organizações da sociedade civil. De forma que desde sua origem o Movimento bebe desta fonte preciosa e cheia de mística e espiritualidade enraizada na vida do povo, das comunidades empobrecidas e que se organizam para superação da Síndrome da Colonialidade Internalizada.
Como outros espaços do MSM, a sede homenageia o missionário comboniano Ezequiel Ramin, brutalmente assassinado em 1985, em Cacoal (Rondônia), após pouco mais de uma década de dedicação à luta pelo direito à terra, ao trabalho e à vida digna de comunidades indígenas e de pequenos/as trabalhadores/as rurais da região. Seu assassinato aconteceu quando voltava de uma missão de paz, juntamente com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cacoal. Tinham ido falar com colonos ameaçados de despejo para que não partissem para o conflito. No retorno, o carro em que viajava foi alvejado por tiros. Nem os mandantes ou os assassinos foram presos.