A Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) é uma socioterapia multidisciplinar e de múltiplo impacto que atua na prevenção e na transformação do sofrimento psíquico e existencial do ser humano. Desenvolvida autopoieticamente pelo Movimento Saúde Mental (MSM), é reconhecida nacional e internacionalmente por sua eficácia.

A ASC vem sendo construída coletivamente ao longo da história do MSM, tendo o padre e psiquiatra Rino Bonvini como um dos responsáveis por sistematizar sua base científica e metodológica. Como um dos seus criadores e considerando a necessidade de enriquecer o modelo biomédico tradicional, ele traz à tona a urgência de incorporação do modelo biopsicossocioespiritual, que integra todas as dimensões do ser humano no seu processo de cura e florescimento.

“Acolher, escutar, cuidar, gerar novos caminhos de solução e, finalmente, assumir a própria corresponsabilidade e autonomia, consigo mesmo e com a comunidade” são os passos da ASC, conforme demonstra padre Rino em seu livro “Abordagem Sistêmica Comunitária: uma socioterapia de múltiplo impacto”, onde apresenta parte das reflexões de sua pesquisa de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva na Universidade de Fortaleza (Unifor). 

A tecnologia socioterapêutica está organizada sob três princípios:

– Autopoiese comunitária: processo evolutivo de autogeração, autorregulação e auto-organização do sistema comunitário. Oferece oportunidade para que a própria comunidade seja protagonista do processo de transformação social e cultural do contexto onde está inserida.

– Trofolaxe humana: aquecimento da comunicação intrapessoal (consigo mesmo), interpessoal (com o próximo) e transpessoal (com o transcendente), continuada e geradora de novas soluções de problemas pessoais e comunitários. O fortalecimento de laços afetivos e sociais entre as pessoas e a comunidade oferece novos caminhos de cura integrados à evolução biopsicossocioespiritual.

– Sintropia: é uma tendência natural para o autoaperfeiçoamento. Por meio do campo organizacional comunitário, acontece o fenômeno da emergência sintrópica, revelando novas informações até então presentes no nível inconsciente pessoal ou coletivo, possibilitando a melhor solução dos problemas.

A ASC ajuda as pessoas a superarem a Síndrome da Colonialidade Internalizada (SCI) e a alcançarem o protagonismo, com fortalecimento da autoestima e favorecendo a evolução pessoal e comunitária. Envolve o ser humano como um todo, conectando-o com a comunidade, o meio ambiente, o sagrado e a dimensão transcendente.

Iniciada em 1996, a ASC tem mais de duas décadas de desenvolvimento e a cada dia amplia o seu reconhecimento público nacional e internacional. Abaixo elencamos alguns deles.

  • Em 2008, o método foi indicado pela Organização Pan-Americana da Saúde, em Washington – EUA, como um dos modelos de referência em saúde mental comunitária para a América Latina. 
  • Em julho de 2008, padre Rino expôs a metodologia no Seminário Brasil da Columbia University, em Nova York, em apresentação sobre o tema “Uma abordagem sistêmica para incentivar a autoestima e a construção da comunidade”. 
  • Em dezembro de 2008, a ASC foi considerada experiência bem sucedida no Fórum Mundial da Saúde Mental Comunitária, em Cuba.
  • Em 2009, foi reconhecida pela Fundação Banco do Brasil como tecnologia social, eficiente, eficaz e replicável em outros territórios.
  • Em 2012, a Revista Ciência e Saúde Coletiva publica o artigo científico: Inovação em saúde mental sob a ótica de usuários de um movimento comunitário no Nordeste do Brasil.
  • Em 2012, o MSM realiza as primeiras formações em ASC na Bolívia, com certificação da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual do Ceará (UECE), da Universidade Salesiana e apoio da CBM Internacional ( https://www.idealist.org/pt/ong/27e651c616c84a7ba6cee21fa0c2ddfe-cbm-bensheim ), iniciando a expansão da metodologia pela América Latina.
  • Em 2018, a ASC foi reconhecida como inovação em saúde mental pela MHIN (Mental Health Innovation Network), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS). 
  • Em 2018, através de parceria com a CBM Internacional ( https://www.idealist.org/pt/ong/27e651c616c84a7ba6cee21fa0c2ddfe-cbm-bensheim ) realiza-se a expansão das formações em ASC na Bolívia, Paraguai e Peru.
  • Em 2019, a ASC foi apresentada no 19º WPA – Congresso Mundial de Psiquiatria, em Lisboa (Portugal), pelo padre Rino em palestra sobre o tema: “Abordagem Sistêmica Comunitária: uma metodologia multidisciplinar para fortalecer as comunidades, abordando as dimensões biopsicossocioespirituais dos indivíduos”.
  • Em outubro de 2024, durante a Semana da Ciência e da Tecnologia da Universidad Pedagógica Nacional Unidad 131-Hidalgo, no México, padre Rino apresenta o tema “Abordagem Sistêmica Comunitária: uma experiência intercultural de saúde mental”. Em sequência, apresenta o tema na Universidad Pedagógica Nacional Hidalgo, Sede Regional Huejutla.
  • Ainda em outubro de 2024, Padre Rino é reconhecido por realizar a conferência principal “Abordagem Sistêmica Comunitária: experiência etnopsiquiátrica”, no XIII Congresso Internacional de Psicologia e Educação, na Universidad Ixtlahuaca CUI, no México.
  • Em novembro de 2024, por ocasião da “Jornada para a Prevenção e Atenção contra a Violência de Gênero, Assédio Sexual e Saúde Mental”, na Universidade Intercultural Indígena de Michoacán (UIIM), no México, padre Rino apresenta a palestra “Abordagem Sistêmica Comunitária: uma experiência intercultural de saúde mental”, no contexto de seu Pós-doutorado em Etnospsiquiatria.

Para  mais aprofundamento sobre a Abordagem Sistêmica Comunitária. Baixe a cartilha da ASC na versão em português, inglês, espanhol ou italiano. Veja os anexos abaixo.