Padre Rino destaca o ato de “servir ao outro” no Simpósio de Direitos Humanos e Saúde Mental dos povos indígenas

 

Na primeira mesa de diálogo do Simpósio de Direitos Humanos e Saúde Mental dos povos indígenas, o presidente do MSM, padre Rino, refletiu sobre o cuidado à saúde mental indígena. Ele lembrou do ensinamento de Touro Sentado, líder indígena norte-americano Lakota Sioux, sobre o que é ser guerreiro. Ser guerreiro é valorizar o ato de servir ao outro, especialmente os mais pobres, com o sentido de fraternidade e de cuidado a si mesmo.

A Importância do cuidado à saúde mental dos povos indígenas foi o tema da primeira mesa redonda do Simpósio de Direitos Humanos e Saúde Mental dos povos indígenas do Movimento Saúde Mental (MSM). O evento foi realizado na Palhoça do Movimento, dia 29 de abril.

Participaram da mesa: o padre Rino Bonvini, psiquiatra e presidente do Movimento Saúde Mental; Pajé Barbosa, líder espiritual indígena Pitaguary; Neto Pitaguary, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Ceará; Jésus Dias, psicólogo e professor; e Natália Martins, indígena, psicóloga e diretora de Sustentabilidade do MSM.

Em sua fala, o Pajé Barbosa, parceiro do Movimento, agradeceu o acolhimento da instituição aos indígenas. “Aqui, a gente tem a oportunidade de pelo menos ver um caminho, ver uma luz, ver uma casa que pode ajudar aos demais. Essa casa, que tem a frente o Padre Rino e outros demais como a Natália, dá uma esperança para nós do Ceará. Aqui nós temos uma referência”.

Os convidados, na mesa de abertura, também expuseram sobre a importância da integração entre o tratamento clínico das unidades de saúde com os cuidados terapêuticos das comunidades indígenas, baseados na tradição milenar.

Neto Pitaguary defendeu que, “primeiramente, [a saúde mental indígena] precisa ser trabalhada dentro da comunidade. O psiquiatra, o psicólogo, os medicamentos, o equipamento chamado CAPS eles vão chegar para incorporar aquilo que verdadeiramente a gente precisa fazer dentro das nossas terras indígenas”.

Como profissional da Secretaria Especial de Saúde Indígena, Neto destacou ainda a importância de discutir inovações no tratamento psicológico, que levam em consideração as dinâmicas étnicas, e incorporar essas práticas às comunidades indígenas.

Natália Martins, psicóloga e diretora de sustentabilidade do MSM, realizou um momento de relaxamento envolvendo todas as pessoas presentes no simpósio. Ao final, a psicóloga disse que as práticas de cuidado são necessárias para melhorar os atendimentos em saúde mental, mas ainda são um desafio.

“Falar de saúde mental todo mundo já fala. Mas vivenciar, esse é o desafio. Ter o momento de silêncio, de parar, ouvir uma música, de olhar pro outro, sentir o apoio, escrever no meu caderno quem eu posso procurar em um momento de apuros. Esse sim é o desafio”, finaliza Natália.

O professor de psicologia Jésus Dias sinalizou para a necessidade da formação acadêmica estar atenta às dimensões que envolvem comunidades tradicionais, como a questão religiosa e espiritual dos povos originários.

A Casa AME, responsável pela organização do evento, tem como um dos princípios a promoção do intercâmbio cultural. No Simpósio, esse princípio esteve presente durante toda a programação, entre os convidados, os profissionais do MSM, as crianças do projeto Sim à Vida e a comunidade do Bom Jardim.

Redação: Rayssa da Costa/ Elizeu Sousa

Fotos: Yago Medina

 

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