O Movimento Saúde Mental Comunitária, realizou hoje, 01 de agosto, em parceria com o ChildFund Brasil, o Workshop sobre Tecnologias Sociais. O evento aconteceu no Teatro Celina Queiroz, na Universidade de Fortaleza (Unifor). Na ocasião, foi lançada a Cartilha da Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC), a tecnologia social desenvolvida pelo Movimento no bairro Bom Jardim, em Fortaleza.

O workshop sobre tecnologias sociais contou com a presença de Gerson Pacheco, Diretor Nacional do ChildFund Brasil que apresentou o trabalho da instituição no tocante ao apoio a outras organizações no país. São mais de 127 mil pessoas, aproximadamente, que participam dos projetos, além de 41 mil crianças, adolescentes e jovens beneficiados e mais de 40 organizações sociais parceiras.

Para Pacheco, a tecnologia social é eficiente, quando ela é compartilhada para que cada vez mais pessoas tenham acesso. Esse é um dos elementos mais importantes para o impacto social e mudança de realidades. O diretor acredita que a sustentabilidade das organizações deve estar alicerçada sobre o tripé: assistência, cuidado e autossuficiência. Gerson Pacheco frisou, ainda, que “não existe transformação social e ações duradouras sem a parceria entre sociedade, poder público e poder privado”.

Mesa “Novos caminhos para Multidisciplinaridade”

A conversa no workshop sobre tecnologias sociais foi mediada por Maiso Dias, Sócio-Diretor da Dialogus Consultoria, contou com a participação de Lilia Sales, Vice-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Unifor; Gabriel Barbosa, coordenador de desenvolvimento da ChildFund Brasil; e o padre Rino Bonvini, presidente do MSMC.

No caminho de fazer com que a Universidade esteja cada vez mais próxima das pessoas, das comunidades, Lilia Sales diz que tem investido no incentivo para que os alunos comecem a desenvolver trabalhos e projetos que visem o impacto e mudança social. Sob a filosofia de “liderar para transformar”, a Pós-Graduação da Unifor quer gerar impacto positivo na sociedade por meio da proposição de soluções para problemas reais.

Para Gabriel Barbosa, é preciso envolver todos os parceiros em um processo coletivo com o intuito de construir intervenções de mudança social para as mais diferentes realidades. “É necessário fomentar o engajamento de todos os setores para dar mais visibilidade para o que está sendo feito”, comenta.

Na perspectiva da coletividade e de se colocar a serviço para mudar as realidades, como enfatizado na conversa, o padre Rino Bonvini contextualiza seu processo pessoal de transformação que o fez sair da Itália, sua terra natal, para o Brasil. “A experiência chave da minha vida foi o trabalho voluntário”, lembra.

Bonvini chegou ao Brasil em 1996. Aqui, com outras pessoas da comunidade do Bom Jardim, iniciou o trabalho do Movimento Saúde Mental Comunitária, com foco nas atividades de saúde mental a partir da Abordagem Sistêmica Comunitária. Essa tecnologia social desenvolvida na comunidade e para a comunidade do Bom Jardim, inicialmente, está presente, hoje, em outras localidades e experiências fora do Brasil.

“Transformar socialmente a comunidade para o empoderamento e a garantia de direitos”. Nessa perspectiva, a acolhida é incondicional a todas as pessoas: acolher, escutar e cuidar”, enfatiza Rino. O padre diz ainda que é preciso desenvolver soluções, também, a partir da crise. “Juntos podemos transformar as pessoas. As pessoas transformam o mundo”, comenta.

Sobre a Abordagem Sistêmica Comunitária

A Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) é uma tecnologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto que atua na prevenção e na transformação do sofrimento psíquico e existencial.

Essa tecnologia socioterapêutica está organizada sob três princípios:

Autopoiese comunitária: processo evolutivo de autogeração, autorregulação e auto-organização do sistema comunitário. Oferece oportunidade para que a própria comunidade seja protagonista do processo de transformação social e cultural do contexto onde está inserida.

Trofolaxe humana: aquecimento da comunicação intrapessoal (consigo mesmo), interpessoal (com o próximo) e transpessoal (com o transcendente), continuada e geradora de novas soluções de problemas pessoais e comunitários. O fortalecimento de laços afetivos e sociais entre as pessoas e a comunidade oferece novos caminhos de cura integrados à evolução biopsicossocioespiritual.

Sintropia: é uma tendência natural para o autoaperfeiçoamento. Por meio do campo organizacional comunitário, acontece o fenômeno da emergência sintrópica, revelando novas informações até então presentes no nível inconsciente pessoal ou coletivo possibilitando a melhor solução da questão.

 

Sobre o Movimento Saúde Mental

Fundado em 1996, o Movimento Saúde Mental atua, entre outras coisas, com grupos de terapia comunitária, embasado pela Abordagem Sistêmica Comunitária, e desenvolve atividades para todas as faixas etárias no bairro Bom Jardim, em Fortaleza e bairros vizinhos.