Na manhã de sexta (25), os 24 alunos da Escola de Gastronomia Autossustentável conheceram a cozinha onde terão aula no curso de gastronomia. Eles se mobilizam para organizar todos os ingredientes e utensílios necessários para a elaboração de pratos tradicionais, preparados com ingredientes orgânicos. A atividade faz parte da oficina Gastronomia da Biodiversidade, que antecede a inauguração da Escola de Gastronomia Autossustentável.

O projeto de sustentabilidade e inclusão social do Movimento de Saúde Mental Comunitária (MSMC) é qualificado como projeto de Extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC). A inauguração da escola será no sábado, 10 de dezembro, às 16h, com a presença de parceiros e apoiadores.

A Escola foi montada com recursos de bazares de mercadorias apreendidas pela Receita Federal. A implementação tem a supervisão da professora Eveline Alencar, coordenadora do curso de Gastronomia da UFC. A primeira formação tem a parceria do Centro Cultural do Bom Jardim. Outras parcerias integram o projeto: Raquel Dummar Arquitetura e Interiores, C. Rolim Engenharia, Jornal O Povo, RB Distribuidora e Fortali – Food Service.

As aulas são ministradas por graduandos de Gastronomia da UFC. Na aula de sexta, a universitária Vanessa Noronha foi a facilitadora. Com o auxílio da monitora Fernanda Clara, Vanessa coordenou os alunos em grupos a prepararem nove pratos diferentes: pudim de cajá, mousse de graviola, vinagrete de romã, penne com cordeiro e abóbora, ragu, frittata de carne moída e macaxeira, bolo de nata e goiabada e um milk shake de cajá. O objetivo era reunir pratos de conhecimento de todos, mas com uma preparação orgânica que, para alguns, foi inusitada.

Para Vanessa, é comum o estranhamento na forma de preparo, mas as possibilidades de manipular estes ingredientes em receitas casuais despertou interesse nos alunos. “Tem coisas que eles estranham a primeiro momento, como o pudim de cajá, mas como é um insumo nosso nós usamos cajá, graviola, abóbora e macaxeira. Então como é coisa nossa eles não estranham muito quando a gente adéqua a receita a essa preparação”, diz Vanessa.

“Eu achei que fosse só cozinhar, mas tem algo que vai além da cozinha. A gente tem que redescobrir uma receita”, comentou a aluna Irislane Almeida. Moradora do Bom Jardim, atenta aos projetos oferecidos pelo MSMC, Irislane também foi aluna do curso de Corte e Costura oferecido pelo Projeto Sim à Vida. Agora na cozinha, ela vê novas oportunidades de desenvolver seus conhecimentos em culinária: “Estou descobrindo coisas maravilhosas, de você usar uma fruta da terra pra gente valorizar mais ainda o que é nosso. Para mim está sendo maravilhoso”.

Monitores orientam e alunos fazem cooperação entre si. A estudante Maria Rebeca, de 16 anos, pontua como positivo o envolvimento mútuo dos alunos: “O trabalho em equipe é interessante, porque todo dia vai uma equipe diferente, com novas pessoas, e acho interessante trabalhar em equipe”. Vinda de uma família de cozinheiras, Rebeca quer algo maior após concluir o curso: “Penso em fazer faculdade de Gastronomia”, enfatiza

Esta ação contribui para otimizar o determinante social da saúde: emprego e renda. Envolve moradores da área de abrangência do Projeto Sim à Vida, ação de prevenção às drogas que é co-financiado pela CBM Internacional e União Europeia.

 

Sobre o Movimento Saúde Mental

Fundado em 1996, o Movimento Saúde Mental atua, entre outras coisas, com grupos de terapia comunitária, embasado pela Abordagem Sistêmica Comunitária, e desenvolve atividades para todas as faixas etárias no bairro Bom Jardim, em Fortaleza e bairros vizinhos.