Carolina, Andrezza, Benício Pitaguary e outros quatro jovens Pitaguary percorreram mais de oito mil quilômetros, numa Kombi, uma viagem de ida e volta ao Rio de Janeiro. A viagem da caravana do Projeto Juventude Indígena Realizando Sonhos, desenvolvido pelo Movimento Saúde Mental Comunitária (MSMC), aconteceu entre os dias 15 de julho e 2 de agosto.

No comando da viagem estavam o padre Rino Bonvini, presidente do MSMC, e Natália Tatanka, coordenadora do projeto com os Pitaguary, além de Maria Ilene Sousa.

A jovem índia Pitaguary, Ana Carolina, ao encontrar outras etnias e se ver em meio a mais de dois milhões de pessoas na praia de Copacabana, num clima fraterno e amigável, muito emocionada disse: “agora compreendo o verdadeiro significado da frase Lakota Sioux ‘Mitakuye Oyasin’: Somos todos parentes”, em tupi, ‘îandé memé maranongara’.

Percurso da viagem

Uma das primeiras paradas foi na Paraíba. Lá a caravana dos jovens Pitaguary foi acolhida pelos índios Potiguara. Depois de uma breve parada, no Recife, a caravana seguiu para a Bahia. Ali, foram também bem recebidos pelos irmãos Pataxó, da aldeia de Coroa Vermelha. Pernoitaram na casa de Luzia Pataxó, filha do pajé daquela etnia. Foi Luzia que, dias depois, junto ao irmão Ubiraí, entregou um cocar ao Papa Francisco, em Copacabana, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

Na longa jornada, o grupo cearense foi sendo acolhido por amigos e instituições parceiras do MSMC ao longo do caminho. Os jovens índios participaram da programação da Jornada Mundial da Juventude, rezaram com o Papa, além de visitar pontos históricos do Rio, como o Corcovado.

No Estado do Rio de Janeiro, os peregrinos indígenas e amigos montaram acampamento na casa de Alessandro Conceição e Carol Gentil, no Morro da União, em Niterói. Os dois são atores do Teatro do Oprimido que haviam estado em Fortaleza no primeiro semestre deste ano, realizando oficinas no MSMC. Ali, vivenciaram a dura realidade de uma comunidade vulnerável, fragilizada pela pobreza, a violência urbana e ausência de infraestrura adequada.

Ainda no Rio, os cearenses hospedaram-se em Campo Grande, na Casa do Perdão, com o precioso acolhimento dos amigos de Flávia Pinto, assessora do Centro de Direitos Humanos do Rio de Janeiro. No retorno, foram acolhidos pelo padre Fernando Caprini, na Bahia, e pelo professor Renato Lanfranchi, em João Pessoa, Paraíba.

 

Sobre o Movimento Saúde Mental

Fundado em 1996, o Movimento Saúde Mental atua, entre outras coisas, com grupos de terapia comunitária, embasado pela Abordagem Sistêmica Comunitária, e desenvolve atividades para todas as faixas etárias no bairro Bom Jardim, em Fortaleza e bairros vizinhos.