O seminário aconteceu entre os dias 27 e 29 de novembro e foi promovido pelo Centro Latino Americano de Estudos sobre Violência e Saúde (Claves) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O objetivo foi promover reflexões e propostas que possam ser encaminhadas para políticos e gestores da área da saúde e que sejam capazes de gerar planos de atuação nos diferentes países da região onde a violência constitui grave problema de saúde pública. Além disso, pensar ações de promoção á vida.

Durante os três dias do evento o Movimento Saúde Mental Comunitária (MSMC) e outras cinco ONGs, duas fundações e um programa governamental contaram com um espaço permanente no qual puderam compartilhar e dialogar com os participantes sobre suas experiências. As nove experiências apresentadas foram foco de uma pesquisa realizada pelo Claves, que investigou a forma de organização, resultados e perspectivas de continuidade de cada uma.

Em comum, todas as experiências trabalham com comunidades populares e de baixa renda e as pesquisas apontam que as pessoas com condição socioeconômica mais baixa correm risco maior de violência, pois os fatores relacionados à pobreza aumentam a vulnerabilidade desta população.

Experiência do Movimento Bom Jardim

Durante sua participação no seminário, o padre Rino Bonvini, presidente do MSMC, exibiu o novo vídeo da instituição que apresenta os indicadores positivos do projeto “Sim à Vida, Não às Drogas”, que trabalha com crianças e adolescentes na perspectiva de antecipar o primeiro contato com as drogas, e da prevenção.

Na ocasião, o padre Rino iniciou discussão com o diretor geral do Departamento de Psicologia da Universidade de Québec em Montreal, professor Marc Bigras, com a perspectiva de desenvolver uma parceria entre o MSMCe a universidade e realizar um levantamento dos indicadores de prevenção da violência entre jovens e adolescentes acompanhados por projetos desenvolvidos pela instituição no Bom Jardim.

As outras experiências apresentadas foram: Agência Uga-Uga (Manaus); Centro de Cultura Negra (São Luís); Programa Sentinela (Cuiabá); Circo de Todo Mundo (Belo Horizonte); Luta pela Paz (Rio de Janeiro); Construção da Paz/Colégio Eduardo Guimarães (Rio de Janeiro); Centro de Referência às Vítimas de Violência do Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo e Centro Social Marista de Porto Alegre.

O Claves

O Claves está radicado na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e atua em colaboração com o Instituto Fernandes Figueira (IFF) e com o Centro de Informações Científicas e Tecnológicas (CICT), ambos da Fiocruz. É também Centro Colaborador do Ministério da Saúde, do Ministério da Justiça e da Biblioteca Regional da Organização Panamericana de Saúde (Bireme) nos temas relativos ao Impacto da Violência sobre a Saúde.

Para o órgão, o tema da violência é um problema sócio histórico, e não, em si, uma questão de saúde pública. A instituição considera que o fenômeno da violência “afeta fortemente a saúde, por que:

  • provoca morte, lesões e traumas físicos e um sem número de agravos mentais, emocionais e espirituais;
  • diminui a qualidade de vida das pessoas e das coletividades; exige uma readequação da organização tradicional dos serviços de saúde;
  • coloca novos problemas para o atendimento médico preventivo ou curativo e evidencia a necessidade de uma atuação muito mais específica, interdisciplinar, multiprofissional, intersetorial e engajada do setor, visando às necessidades dos cidadãos”.

 

Sobre o Movimento Saúde Mental

Fundado em 1996, o Movimento Saúde Mental atua, entre outras coisas, com grupos de terapia comunitária, embasado pela Abordagem Sistêmica Comunitária, e desenvolve atividades para todas as faixas etárias no bairro Bom Jardim, em Fortaleza e bairros vizinhos.