(Crianças e adolescentes do Sim à Vida Olho D’Água participam do toré / Foto: Yago Medina)

 

O Sim à Vida é uma ação desenvolvida pelo Movimento Saúde Mental (MSM) para a prevenção de dependências em crianças e adolescentes, especialmente quanto ao uso de substâncias entorpecentes. Em Maracanaú, o projeto deu início às atividades em novembro de 2023 e segue até 2025. Atualmente, o município dispõe de três núcleos da ação que atendem crianças indígenas Pitaguary e não-indígenas, localizados nas aldeias Horto, Santo Antônio e Olho D’Água. 

 

Orientado pela Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC), tecnologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto que ajuda na superação da síndrome da colonialidade internalizada, o projeto atua como uma ferramenta para o fortalecimento e a conexão das novas gerações do povo Pitaguary com a sua cultura e ancestralidade. As atividades incluem práticas para o autoconhecimento e aperfeiçoamento das potencialidades por meio de relaxamento, rodas de conversa, atividades lúdicas e esportivas, arte, música e espetáculo.

 

Atualmente, o Sim à Vida Maracanaú acolhe 90 crianças e adolescentes das comunidades atendidas. No ensino da ancestralidade, as atividades incluem a imersão na natureza, esportes, contação de histórias e lendas, além da difusão da arte indígena e do ritual do Toré, fazendo com que os participantes tenham contato não só com uma sagrada manifestação cultural de seu povo, mas também com a língua tupi-Guarani. 

 

Renê Dino, coordenador do Sim à Vida em Maracanaú, destaca a importância do ensino da língua tupi para as novas gerações. “Quando cantamos em tupi, negamos a colonialidade e nos comunicamos diretamente com os nossos ancestrais, fortalecendo ainda mais a nossa pertença. Seguimos o meio termo de ensinar em português e em tupi, dessa forma, conseguimos ensinar para mais pessoas, além de conseguirmos ensinar uma língua que já estava praticamente apagada da nossa cultura”, explica.

 

No município, o projeto Sim à Vida é realizado em cogestão com a Secretaria de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura de Maracanaú, com apoio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do Governo Federal. A cultura indígena é a base para o desenvolvimento das atividades com o povo Pitaguary. O projeto acolhe crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, com cadastro NIS. Os beneficiários habitam áreas de vulnerabilidade social de Fortaleza e Maracanaú. São crianças e adolescentes de famílias vulnerabilizadas pela extrema pobreza. 

 

SOBRE O MOVIMENTO SAÚDE MENTAL

 

O Movimento Saúde Mental (MSM) é uma organização criada em 1996, que utiliza a Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) como pilar no desenvolvimento de suas atividades. O programa “Sim à Vida” é desenvolvido pelo Movimento Saúde Mental desde 1998, a partir de então vinculado ao Departamento de Medicina da Universidade Federal do Ceará como projeto de extensão. Teve suas ações ampliadas por meio de financiamento da União Europeia e da CBM Internacional de 2015 a 2019. Suas ações são integradas aos demais programas do Movimento Saúde Mental.

 

Este programa e demais ações são contempladas pela tecnologia socioterapêutica denominada Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) que trabalha o equilíbrio biopsicossocioespiritual de cada pessoa. A ASC é desenvolvida pelo Movimento Saúde Mental. 

 

por Gabriele Félix