O padre Rino Bonvini, em viagem a Roraima, neste mês de setembro, assessorou formações em comunidades acompanhadas pelos missionários combonianos na Amazônia. A missão de levar o trabalho do Movimento Saúde Mental Comunitária (MSMC) a outros lugares, foi uma recomendação do Conselho da Província Comboniana no Brasil.

Padre Rino é missionário Comboniano, psiquiatra e terapeuta em múltiplas modalidades. No Bom Jardim, com lideranças das comunidades desse bairro da periferia de Fortaleza, criou a Abordagem Sistêmica Comunitária. Esta tecnologia socioterapêutica tem possibilitado a manutenção da saúde mental de milhares de pessoas e agora é levada a outros territórios brasileiros e estrangeiros.

A viagem do padre à Amazônia dá início a um percurso de integração por meio de uma parceria entre o MSMC e a comunidade de Boa Vista, que conta com a atuação do padre Elias Arroyo. Tem como foco organizar propostas de acompanhamento integral à saúde indígena na Amazônia. É uma área de muitas incertezas com a presença muito forte de centenas de migrantes vindos da Venezuela. Entre esses, muitos oriundos dos povos Guarau e Yanomami.

Abordagem Sistêmica Comunitária

A Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) é uma tecnologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto que atua na prevenção e na transformação do sofrimento psíquico e existencial.

Essa tecnologia socioterapêutica está organizada sob três princípios:

– Autopoiese comunitária: processo evolutivo de autogeração, autorregulação e auto-organização do sistema comunitário. Oferece oportunidade para que a própria comunidade seja protagonista do processo de transformação social e cultural do contexto onde está inserida.

– Trofolaxe humana: aquecimento da comunicação intrapessoal (consigo mesmo), interpessoal (com o próximo) e transpessoal (com o transcendente), continuada e geradora de novas soluções de problemas pessoais e comunitários. O fortalecimento de laços afetivos e sociais entre as pessoas e a comunidade oferece novos caminhos de cura integrados à evolução biopsicossocioespiritual.

– Sintropia: é uma tendência natural para o autoaperfeiçoamento. Por meio do campo organizacional comunitário, acontece o fenômeno da emergência sintrópica, revelando novas informações até então presentes no nível inconsciente pessoal ou coletivo possibilitando a melhor solução da questão.

Em 2009, a ASC foi reconhecida como efetiva e replicável pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Já em 2018, a ASC foi considerada uma inovação em Saúde Mental pelo MHIN (Mental Health Innovation Network) – vinculado à Organização Mundial da Saúde.

A ASC ajuda as pessoas a superarem a pobreza internalizada e a alcançarem o protagonismo, com fortalecimento da autoestima e a evolução pessoal e comunitária. Envolve o ser humano como um todo, conectando-o com a comunidade, o meio ambiente a fé e a dimensão transcendente.

Iniciada em 1996, a ASC tem quase duas décadas de desenvolvimento.

    • Em 2008, este método foi indicado pela Organização Pan-Americana da Saúde, em Washington – EUA, como um dos modelos de referência em saúde mental comunitária para a América Latina
    • Em dezembro de 2008, a ASC foi considerada experiência bem sucedida no Fórum Mundial da Saúde Mental Comunitária em Cuba.
    • Em 2009, a ASC foi reconhecida pela Fundação Banco do Brasil como tecnologia social, eficiente, eficaz e replicável em outros territórios.
Sobre o Movimento Saúde Mental

Fundado em 1996, o Movimento Saúde Mental atua, entre outras coisas, com grupos de terapia comunitária, embasado pela Abordagem Sistêmica Comunitária, e desenvolve atividades para todas as faixas etárias no bairro Bom Jardim, em Fortaleza e bairros vizinhos.