(Cerimônia de inauguração do Sim à Vida Maracanaú reúne lideranças indígenas e políticos na Palhoça Santo Antônio, em Maracanaú / Foto: Yago Medina)

 

No mês de janeiro, marcado pela conscientização sobre a saúde mental e emocional, o Movimento Saúde Mental (MSM) realizou, nesta terça-feira, 09/01/2024, a cerimônia de inauguração das atividades do Projeto Sim à Vida 2024, na Palhoça Santo Antônio, em Maracanaú. Atualmente, o município dispõe de três núcleos do projeto voltados para crianças indígenas Pitaguary e não indígenas.

 

Padre Rino Bonvini, presidente do Movimento Saúde Mental, explica que a relação com as tradições dos povos originários foi primordial para o desenvolvimento da tecnologia socioterapêutica empregada nas ações do MSM.  “É uma visão sistêmica que conecta todos os seres e faz dessa abordagem biopsicossocioespiritual, que é típica da cultura indígena. Inspirados na cultura indígena, elaboramos esse projeto, que proporciona um espaço prazeroso onde a criança pode se conhecer, se valorizar, se encontrar dentro do contexto da própria crença, da própria cultura e da própria visão de mundo”, explica. 

 

A ação, que iniciou em novembro de 2023 e segue até 2025, é orientada pela Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC), em cogestão com a Secretaria de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura de Maracanaú. O principal objetivo é promover a convivência e o fortalecimento de vínculos, para prevenção ao uso problemático de drogas por crianças e adolescentes e público da assistência social.

 

A cerimônia reuniu a presença do Vice-Prefeito de Maracanaú, Neton Lacerda; da Secretária de Assistência Social e Cidadania, Glauciane Oliveira; do Presidente do Movimento Saúde Mental, padre Rino Bonvini; de Isabelle Sousa, representando a Secretaria da Proteção Social do Governo do Estado do Ceará; do Secretário de Agricultura Familiar e Assuntos Indígenas de Maracanaú, Neto Holanda; entre outros representantes do poder público e de lideranças indígenas e famílias da comunidade Pitaguary.

 

Sobre a parceria com o Movimento Saúde Mental, Glauciane Oliveira destacou a longevidade da cooperação entre a Secretaria de Assistência Social e Cidadania e o MSM, além de reconhecer a importância dessa articulação para o avanço dos investimentos que fortalecem a cultura indígena na cidade de Maracanaú. “Esse projeto, Sim à Vida, formalizado nesta parceria, vai ser fundamental para a execução das atividades do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos; especialmente fortalecendo o CRAS Indígena, as ações do CRAS Indígena”, revela.

 

Criado em 1998, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), vinculado ao Departamento de Medicina, o projeto articula escolas e a rede de saúde e assistência social do entorno das comunidades atendidas. Os beneficiários do projeto habitam áreas de vulnerabilidade social de Fortaleza e de Maracanaú. São crianças e adolescentes de famílias vulnerabilizadas pela extrema pobreza. 

 

As práticas cotidianas são voltadas para desenvolver o autoconhecimento e as potencialidades por meio de relaxamento, rodas de conversa, atividades lúdicas e esportivas, arte, música e espetáculo. Junto ao acolhimento é realizado o cuidado socioterapêutico das crianças e de seus familiares. 

 

Renê Dino, coordenador do Projeto Sim à Vida no Maracanaú, reforça a importância do desenvolvimento de vínculos no aprendizado das crianças. “A gente ensina as coisas e essas crianças aprendem não só por aprender, elas aprendem a se ver no mundo. Para elas se verem no mundo, é importante que tenha alguém falando delas”, conta. 

 

A cultura indígena é a base para o desenvolvimento das atividades com as crianças e adolescentes Pitaguary. “Eu percebo que a comunidade fala muito que as crianças chegam em casa cantando, que elas não param de cantar as músicas Pitaguary. Eu percebo que as crianças têm usado mais esse nome, que elas têm se tornado mais indígenas. Então tem uma grande importância na comunidade, que é uma grande esperança que o Padre Rino também tinha, de que o Projeto Sim à Vida forme essa nova juventude indígena do futuro”, explica o coordenador.

 

Confira a lista de outras lideranças indígenas e representantes públicos que participaram da cerimônia:

 

  • Afonso Vieira – Coordenador interino da proteção social básica – (PSB)
  • Valdenia Loureiro – Coordenadora CRAS Jereissati
  • Hélio Tavares – Diretor da SASC
  • André Fernandes – Coordenador CRAS Indígena
  • Mara  Pitaguary – Assessora de Assuntos Indígenas da Secretaria de Agricultura
  • Cirlane Cruz – Coordenação Financeira da SASC
  • Erika Sales –  Polo Base Pitaguary 
  • Raquel Jenipapo-Kanindé – Assistente Social, representante do DSEI Ceará 
  • Abias Bezerra – Liderança Indígena 
  • Madalena Pitaguary – Liderança Indígena 
  • Nazaré Pitaguary – Liderança Indígena 
  • Joana Araújo – Liderança Indígena 
  • Kelvin Gonçalves – Liderança Indígena 
  • João Paulo Kauã – Liderança Indígena
  • Tiago Anacé – Representante da FUNAI

 

SOBRE O MOVIMENTO SAÚDE MENTAL

 

O Movimento Saúde Mental (MSM) é uma organização criada em 1996, que utiliza a Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) como pilar no desenvolvimento de suas atividades. O programa “Sim à Vida” é desenvolvido pelo Movimento Saúde Mental desde 1999, a partir de então vinculado ao Departamento de Medicina da Universidade Federal do Ceará como projeto de extensão. Teve suas ações ampliadas por meio de financiamento da União Europeia e da CBM Internacional de 2015 a 2019. Suas ações são integradas aos demais programas do Movimento Saúde Mental.

 

Este programa e demais ações são contempladas pela tecnologia socioterapêutica denominada Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) que trabalha o equilíbrio biopsicossocioespiritual de cada pessoa. A ASC é desenvolvida pelo Movimento Saúde Mental. 

 

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redação por Gabriele Félix e fotos por Yago Medina