Em audiência pública, realizada quarta-feira (21.08.2013), o presidente do Movimento Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim (MSMC), padre Rino Bonvini, questiona a burocracia que atrasa o repasse de recursos para o processo de gestão compartilhada do Centro de Assistência Psicossocial (Caps) Comunitário do Bom Jardim, que atende a Regional V de Fortaleza.
“O MSMC espera que a boa vontade mostrada pela secretária de Saúde, Socorro Martins, em reuniões com a coordenação do MSMC, possa ser efetivada em ações concretas, superando as barreiras burocráticas”, enfatizou Bonvini.
Na audiência pública, requerida pelos vereadores João Alfredo e Toinha Rocha participaram, também, Nádia Franco, Natália Martins e Ana Paula Fernandes, membros da coordenação colegiada do MSMC. Benício Pitaguary e jovens integrantes do projeto Juventude Indígena Realizando Sonhos, desenvolvido pelo Movimento, além de usuários do Caps também participaram da audiência.
Experiência da gestão compartilhada
O MSMC contribui com o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial de Fortaleza (RAPS) ao gerir de forma compartilhada com a Secretaria de Saúde do Município o Caps e a Residência Terapêutica da SER V. A Residência acolhe pacientes vindos de hospitais psiquiátricos e sem contato com familiares. O Caps Comunitário do Bom Jardim é o único que envolve a comunidade em sua gestão e acolhimento aos usuários.
O método de trabalho do MSMC sensibiliza a comunidade para a convivência harmoniosa com as pessoas portadoras de transtornos psiquiátricos, na mesma medida em que estimula os usuários a se inserirem na convivência social. A integração busca superar o estigma cultural que trata preconceituosamente os portadores de transtornos mentais como “loucos” ou “doidos”.
A Abordagem Sistêmica Comunitária, o método socioterapêutico de múltiplo impacto do MSMC, reconhecido em artigos científicos, além do acolhimento, acompanhamento e tratamento dessas pessoas no Caps as envolve em terapias complementares e em atividades de elevação da autoestima. A tecnologia social também ajuda no desenvolvimento de potencialidades no campo da arte, da música, do teatro, da profissionalização e, ainda, estimula a formação acadêmica em universidades através do cursinho pré-vestibular do Centro de Aprendizagem do Bom Jardim (CABJ).
“A ação do MSMC contribui para o cumprimento e a efetivação da Lei Federal nº 10216/2001, que estabelece a proteção e direitos das pessoas com transtornos mentais”, comenta Rino.
Participaram da mesa de debates da audiência Eugênio Moura Campos, presidente da Associação Cearense de Psiquiatria, Fábio Gomes de Matos, vice-presidente do Núcleo de Pesquisa do Estado, Raimundo Alonso Batista de Aquino, diretor da Regional Nordeste da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Caminha, representante da Associação de Defesa de Saúde Mental, Milena Araújo Bastos, preceptora da Residência Integrada de Saúde, Régis Pinheiro, defensor público do Núcleo dos Direitos Humanos, Plácido Filho, presidente do Sindicato dos Servidores de Saúde de Fortaleza e os vereadores Deodato Ramalho e João Alfredo.
Sobre o Movimento Saúde Mental
Fundado em 1996, o Movimento Saúde Mental atua, entre outras coisas, com grupos de terapia comunitária, embasado pela Abordagem Sistêmica Comunitária, e desenvolve atividades para todas as faixas etárias no bairro Bom Jardim, em Fortaleza e bairros vizinhos.