Nesse mês de outubro, 90 crianças e adolescente de 10 a 16 anos concluíram os cursos de Aplicativos, Jogos Digitais e Robótica no LabInec. O espaço de formação digital funciona no Movimento Saúde Mental e é resultado de uma parceria com o Instituto Nordeste Cidadania (Inec), BSQ Inova e Sodexo. Ao todo, 40 alunos apresentaram seus projetos finais.
Os cursos são baseados na cultura maker que incentiva a aprendizagem informal, social e cooperativa com foco na criação de dispositivos, usando robótica, automação, eletrônica, eletroeletrônica e outras formas artesanais de fabricação de objetos. As crianças e adolescentes são motivadas e desafiadas a resolver os problemas do cotidiano com as ferramentas tecnológicas criadas por eles.
“Eu gosto muito de mostrar que eles (alunos) são capazes de fazer o que quiserem, onde quer que estejam, no que eles se colocarem. Acredito que em uma sociedade onde as crianças podem ter acesso seguro e responsável a conhecimentos mistos, sem barreiras impostas que impedem a criatividade, retirando o medo de criar, o medo de tentar, nós teremos crianças mais corajosas, mais educadas, mais capazes e futuramente uma comunidade que se beneficiará disso”, ressalta o professor Rômulo Jardim.
Projetos marcados pela inclusão
Entre os projetos apresentados, muitos pautaram em seus trabalhos temas ligados a inclusão, como superação do racismo, relações de gênero e homofobia. O jogo “Perdido em Marte”, por exemplo, traz a temática do racismo na sua narrativa. Ele foi todo desenvolvido por Bianca Leopoldino, de 12 anos e conta a história de uma missão à lua, em que um jovem negro é deixando de lado, pelo fato de ser negro.
As crianças também desenvolveram aplicativos de irrigação, e aplicaram técnicas de robótica em objetos. Outro jogo pautou a depressão, uma das grandes questões de saúde pública no mundo hoje. Como personagem principal, um lápis de cor, que tem como missão colorir o mundo mergulhado em um cenário depressivo.
Para o coordenador técnico e pedagógico do LabInec, Fabrício Mendes, o espaço é uma oportunidade de trazer a experiência de experimentar. “Esse curso vale para desenvolver a capacidade de resolver problemas no futuro. Não ter medo de se jogar e se experimentar”, enfatiza Mendes.
“O curso é bem divertido, mas tem suas dificuldades. No começo foi bem desafiante, porque a gente não sabia muito bem como funcionavam os códigos, mas fomos aprendendo e foi se tornando mais fácil”, comenta Isaque Ribeiro dos Santos, aluno do curso de Robótica.
Metodologia que gera consciência
O professor Rômulo lembra do processo metodológico de aprendizado usado com os alunos: “Como todo processo de ensino, existe uma metodologia básica e simples que trabalho com afinco, que é acolher e empoderar as crianças de que elas são capazes de fazer e de criar e superar as perspectivas delas mesmas. No início elas se sentem diante de uma ‘barreira imensa, barreia social’. Mas ao final do curso eu peço que elas olhem para trás e percebam o quanto cresceram durante esse processo, alguns mais, outros menos, mas existe sim uma evolução própria em cada aluno”.
Parte dos alunos desse processo de formação digital, com tutoria dos professores, agora está aprimorando seus projetos para participar de um evento que tem com tema as relações de gênero. Em 2020 o LabInec vai trazer cursos mais avançados e como maior duração de horas para quem passou pelos ofertados nesse semestre.
Sobre o Movimento Saúde Mental
Fundado em 1996, o Movimento Saúde Mental atua, entre outras coisas, com grupos de terapia comunitária, embasado pela Abordagem Sistêmica Comunitária, e desenvolve atividades para todas as faixas etárias no bairro Bom Jardim, em Fortaleza e bairros vizinhos.