O papa Francisco resolveu, fazer uma visita inesperada à ilha de Lampedusa, no Sul da Itália, para prestar solidariedade aos refugiados que fogem do inferno das guerras na África e tentam alcançar a Europa em embarcações frágeis que terminam muitas vezes naufragando. É a primeira viagem oficial do pontífice, que tenta chamar a atenção do mundo para a tragédia que dilacera essas populações desprotegidas, sob o olhar indiferente do mundo rico.

Lampedusa está situada a 13 quilômetros da Tunísia e é parte da província italiana da Sicília. Para lá acorrem desesperadamente líbios, tunisiano, egípcios, marroquinos em busca da reconstrução de suas vidas, na Europa. Naufrágios massivos têm acompanhado essa rota de fuga e um incontável número de vidas, inclusive de crianças, foi tragado pelo mar. No entanto, são rejeitados pelos países europeus e recambiados de volta aos portos de origem.

Surpreendendo seus auxiliares, o papa Francisco resolveu fazer uma visita de surpresa à ilha, na simples condição de pastor, e assim chamar a atenção do mundo para a tragédia. Ele condena a indiferença e a falta de acolhimento das potências ricas aos imigrantes pobres. Assim, retoma o caminho de João XXIII, procurando dar uma face mais humana e despojada à Igreja Católica Romana.

O gesto ganha ainda maior relevo por se tratar de refugiados muçulmanos. Ontem, aliás, iniciou-se o Ramadã – período de recolhimento, oração e jejum para os muçulmanos, destinado à renovação da fé, da prática da caridade e dos valores da vida familiar. Ou seja, a data da visita parece ter sido escolhida justamente para enfatizar aos seguidores do Islã o respeito dos católicos a esse patrimônio de fé e promover a solidariedade e a tolerância como base para o encontro entre seguidores de diferentes tradições religiosas. E fazer um chamamento aos cristãos para serem coerentes com sua fé, ajudando aos que mais precisam.

“Meu pensamento se volta aos imigrantes muçulmanos queridos que começam agora o jejum do Ramadã, com a esperança de abundantes frutos espirituais. A Igreja está perto de vocês na busca de uma vida mais digna para si e suas famílias”, disse o papa em sua saudação. Espera-se que o gesto tenha tocado o coração dos responsáveis pelas nações que se dizem cristãs.

Fonte: Editorial Jornal O Povo – terça-feira, 9 de julho de 2013.

Imagem: reprodução

 

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