Iniciada em 1996, a Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) é uma tecnologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto que atua na prevenção e na superação de distúrbios psíquicos e existencial. O desenvolvimento e a aplicação da ASC experienciado na comunidade do Grande Bom Jardim, em Fortaleza, é detalhada no livro Abordagem Sistêmica Comunitária – Uma Socioterapia de Múltiplo Impacto, assinado pelo padre Rino Bonvini, presidente MSM. 

 

A obra será lançada na quinta-feira, 29/02/2024, a partir das 17h30,  no auditório do bloco H da Universidade de Fortaleza (Unifor). O evento contará com uma palestra do antropólogo e brasilianista norte-americano e professor Emérito da Universidade de Wisconsin, Milwaukee – EUA, Prof. Dr. Sidney Greenfield, além da participação das lideranças indígenas Neto Pitaguary, Natália Tatanka, Rute Anacé e Nádia Pitaguary. Os convidados irão aprofundar as discussões sobre a ASC e sobre as tradições de cura dos povos  Lakota Sioux (EUA), Pitaguary e Anacé (Brasil) durante o evento. O evento contará com um coffee break oferecido pelo Giardino Buffet.

 

O livro reúne pesquisas e vivências do autor, abordando questões sobre antropologia médica, etnopsiquiatria e a Síndrome da Colonialidade Internalizada, consequência dos efeitos devastadores provocados pela colonização sobre os povos nativos e comunidades marginalizadas, que impactaram negativamente nas vidas e nos comportamentos daqueles que por ela foram afetados. O pré-lançamento da obra ocorreu ainda em 2023, em um evento de natal solidário organizado pelo Movimento.

 

Organizada sob três princípios – Autopoiese Comunitária, Trofolaxe Humana e Sintropia -, a Abordagem Sistêmica Comunitária foi reconhecida, em 2009, como tecnologia socioterapêutica efetiva e replicável pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Já em 2018, a ASC foi considerada uma inovação em Saúde Mental pelo MHIN (Mental Health Innovation Network) – vinculado à Organização Mundial da Saúde.

 

Em 2008, a ASC foi indicada pela Organização Pan-Americana da Saúde, em Washington – EUA, como um dos modelos de referência em saúde mental comunitária para a América Latina. Em dezembro do mesmo ano, a ASC foi considerada experiência bem sucedida no Fórum Mundial da Saúde Mental Comunitária em Cuba. No ano de 2012, a Revista Ciência e Saúde Coletiva publica artigo científico: Inovação em saúde mental sob a ótica de usuários de um movimento comunitário no nordeste do Brasil. 

 

Já em 2019, a ASC foi apresentada no 19º WPA – Congresso Mundial de Psiquiatria -, em Lisboa, Portugal: “Abordagem Sistêmica Comunitária: uma metodologia multidisciplinar para fortalecer as comunidades, abordando as dimensões biopsicossocioespirituais dos indivíduos”. Esses são alguns dos reconhecimentos da eficácia da ASC como ferramenta terapêutica.

 

SOBRE OS PALESTRANTES

 

PADRE RINO BONVINI: O médico, psiquiatra, padre missionário Comboniano, Ottorino Bonvini, conhecido como padre Rino, nasceu, na cidade de Senago, em Milão, Itália, de onde saiu para se dedicar ao serviço voltado a pessoas em vulnerabilidade social e/ou com distúrbios mentais. Possui graduação em Medicina e Cirurgia – Università degli Studi di Milano (1989), graduação em Master Of Divinity – Catholic Theological Union Chicago (1994) e mestrado, Master of Arts em Teologia Sistematica, – Catholic Theological Union Chicago (1995), além de doutorado em Saúde Coletiva, – Unifor (2022). Atualmente é presidente do Movimento de Saúde Mental (MSM). Tem experiência na área de Medicina, Psiquiatria, Etnopsiquiatria com ênfase em Terapia Familiar. Criador da Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC), uma tecnologia socioterapêutica de múltiplo impacto, considerada como Inovação em Saúde Mental pela Mental Health Innovation Network (MHIN).

 

SIDNEY GREENFIELD: Antropólogo e brasilianista norte-americano, professor emérito da Universidade de Wisconsin, Milwaukee. Co-Presidente do Columbia University Seminars on Brazil, Studies in Religion and Contents and Methods in the Social Sciences. Conduziu pesquisas etnográficas em Barbados e New Bedford, Massachusetts, mas principalmente no Brasil, além de pesquisas etno-históricas e históricas em Portugal e nas Ilhas Atlânticas sobre problemas que vão desde família e parentesco, clientelismo e política,  história das plantações e escravidão nas plantações e empreendedorismo. à cirurgia espírita, religião e cura, mediunidade espírita, religiões sincretizadas e protestantes evangélicos na política brasileira. É autor e/ou editor de nove livros, produtor, diretor e autor de cinco documentários em vídeo e publicou cerca de 150 artigos e resenhas em livros e revistas profissionais.

 

NETO PITAGUARY: Fernando José de Moura Neto é graduado em enfermagem e é presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Ceará (Condisi). Ele atua como técnico em saúde indígena no Ceará. Tem formação em Abordagem Sistêmica Comunitária. Neto é colaborador voluntário do Movimento Saúde Mental (MSM).  No ensino médio e durante o curso técnico, Neto foi bolsista do projeto “Juventude Indígena Realizando Sonhos”, desenvolvido pelo MSM. As atividades desse projeto contribuíram para a formação escolar e profissional de jovens indígenas. Em 2022, foi homenageado pelo Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE), recebendo a comenda “Gente que Ama a Enfermagem”, na categoria Saúde Indígena.

 

NATÁLIA TATANKA: Natália de Sousa Martins é psicóloga, pós-graduada em Musicoterapia e em Neuropsicodiagnóstico. Possui MBA em Empreendedorismo Social e Gestão do 3º Setor. É especialista em Abordagem Sistêmica Comunitária, Terapia Comunitária e Terapia Comunitária Indígena, também atuando com Terapia Integrativa – PICS. Sua jornada inclui ainda ações como facilitadora de Grupo e professora. Atualmente, é mestranda em Gastronomia (UFC) e CEO do Giardino Buffet, negócio social criado pelo Movimento Saúde Mental, resultado de um processo autopoiético impulsionado pela comunidade do Grande Bom Jardim, atendendo as demandas por geração de emprego e renda no território. 

 

RUTE ANACÉ: Rute Morais Souza é antropóloga, graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), tem mestrado em Antropologia Iberoamericana pela Universidade de Salamanca e é mestranda em Antropologia Social pela Universidade de Brasília. A pesquisa de graduação de Rute focou nas violações ocorridas com os Anacé e seus territórios, buscando equilibrar o mundo científico e a base cultural tradicional de seu povo.

 

NÁDIA PITAGUARY: Pajé do Povo Pitaguary e Mãe de Santo em seu terreiro, Nádia é indígena Pitaguary, filha do Pajé Barbosa, Xamã, professora indígena, cuidadora do sagrado feminino e professora da Escola Indigena ITA-ARA, sendo graduada em pedagogia pela licenciatura Indígena Intercultural (KUABA-UFC). É cuidadora da espiritualidade do seu povo desde a partida de seu pai, em dezembro de 2022.  Guiada pelos encantados e pelos seu Pai Raimundo Carlos da Silva, Pajé Barbosa Pitaguary e Maria Liduína Costa Silva Pitaguary, realizou os filmes Vozes Guerreiras (2021), Vozes da Terra e Curumins de Luz – Erês – (2022).

 

por Gabriele Félix e Elizeu Sousa