Além de assistir a apresentações, os presentes no Sarau Cultural de 2022 produziram manifestações artísticas (Foto: Yago Medina)

Júlia Vasconcelos

Está programada a segunda edição do Sarau Cultural do Movimento Saúde Mental (MSM) em parceria com o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Geral V. O evento cultural é referente ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, comemorado no dia 18 de maio.

O sarau ocorrerá na manhã do dia 25 de maio, na Palhoça Terapêutica do MSM, e conta com ações voltadas a produções artísticas, com a participação de Sávio Leão e do bloco carnavalesco Doido É Tu. O evento faz parte do mês da luta antimanicomial.

O psicólogo Ivan Nogueira, coordenador na Palhoça Terapêutica, define o evento como um momento de celebração pela conquista de políticas públicas voltadas à saúde mental.

O propósito do Sarau Cultural é “contribuir para disseminar um discurso de que os portadores de transtornos mentais não representam ameaça ou risco ao círculo social, ao contrário, tornar-se parte do território é um grande componente para sua recuperação”, conforme Ana Cristina, coordenadora do CAPS Comunitário do Bom Jardim.

 

Os trabalhadores do Movimento Saúde Mental não ficam de fora das apresentações artísticas e se arriscam no teatro (Foto: Yago Medina)

A partir da cogestão entre os serviços comunitários, o Movimento Saúde Mental complementa os cuidados aos usuários do CAPS com terapias integrativas. As instituições atuam na linha de frente da luta antimanicomial por meio do trabalho que desenvolvem.

O Sarau Cultural é a última atividade da programação do mês da luta antimanicomial, que tem início no dia 22 de maio, com o encontro de Serviço Social e Saúde Mental do CAPS Bom Jardim.

Em seguida, no dia 24, haverá a Ação Maio Furta-Cor, campanha nacional cujo tema é a saúde mental materna.

 

Crianças do projeto Sim à Vida também compõem o grupo diverso do público participante do Sarau Cultural (Foto: Yago Medina)

A Luta Antimanicomial

O dia 18 de maio de 2023 marca 36 anos do movimento antimanicomial. Essa luta é pautada pela defesa do tratamento de pessoas que carregam transtornos psíquicos sem isolá-las do convívio em sociedade.

O psiquiatra italiano Franco Basaglia é um dos precursores da luta contra os manicômios, defendendo a criação de serviços de atenção comunitários, centros de convivência e postos de emergência em emergências psiquiátricas em hospital geral.

Depois da Lei da Reforma Psiquiátrica Italiana, o movimento se espalhou para outras partes do mundo, inclusive ao Brasil. Nise Magalhães da Silveira destacou-se por revolucionar o tratamento mental no país. Ela foi uma das pioneiras na Luta Antimanicomial, sendo mundialmente reconhecida pela sua contribuição à psiquiatria.

Segundo Ana Cristina, especialista em Gestão de Serviços de Saúde Mental e coordenadora do CAPS, a Reforma Psiquiátrica é um grande marco na luta antimanicomial por buscar humanizar o tratamento de pessoas com sofrimentos psíquicos.

A luta antimanicomial se dá pela busca por proteger a cidadania daqueles que carregam transtornos mentais. 

Movimento Saúde Mental e luta antimanicomial

O Movimento Saúde Mental trabalha a partir da Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC), uma tecnologia socioterapêutica desenvolvida pela Organização. Ela consiste no incentivo à integração comunitária e no desenvolvimento da autoestima.

De acordo com Ivan Nogueira, a ASC atua na prevenção e na transformação do sofrimento psíquico e existencial, além de ajudar as pessoas a superarem a pobreza internalizada e a alcançarem o protagonismo.

“O Movimento atua há 27 anos na prevenção e promoção de cuidados à saúde mental na comunidade do Grande Bom Jardim, ocupando o lugar de grande referência na luta antimanicomial no Estado do Ceará.”, afirma.

Com o menu terapêutico do MSM e a aplicação da Abordagem Sistêmica Comunitária, a Organização busca promover as ferramentas para o desenvolvimento pessoal de pessoas com transtornos psíquicos, integrando-a com a comunidade. Para Ivan Nogueira, essa é a maior contribuição do Movimento para a luta antimanicomial.

Editor: Elizeu Sousa