A Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro foi extraordinária. Milhões se reuniram para encontrar o papa Chiquim. A surpresa foi ver um homem jovial, simples, alegre, que convida o alto clero da Igreja Católica a deixar atitudes principescas, repletas de achismos sobre superioridades ontológicas inexistentes.
Transparência e honestidade são as palavras que o papa Francisco pronunciou sobre a essência necessária para refundar o banco do Vaticano, recentemente envolvido em escândalos.
“Quem sou eu para julgar?” Papa Francisco (papa Chiquim, para nós) se pergunta… Conversando sobre a diversidade de opção sexual de milhões de cristãos que vivem o drama da rejeição e da proposta “inFeliciana” de uma cura que, segundo os referenciais científicos, aceitos universalmente, simplesmente não existe. Aliás, opção sexual não é doença.
Fatos estéticos, como a simplicidade das vestimentas, do transporte, da hospedagem, do cardápio, contribuem para uma maior aproximação do novo papa ao estilo de vida da maioria dos cristãos. O nome Francisco, pela primeira vez escolhido por um papa, não foi por acaso. Faz parte de uma nova maneira de perceber o papel do pontífice – que é exatamente construir pontes, para chegar aonde ainda a Igreja não consegue chegar.
Por isso, o papa convidou as comunidades a sair do comodismo das paróquias e sacristias, das celebrações pulantes, estéticas e anestésicas, para criar pontes com as favelas, com os lugares onde existem a dor e o sofrimento psíquico e existencial das pessoas, que gritam para repartir de verdade o pão, a justiça e a paz!
O discurso do papa evoca líderes como dom Aloísio Lorscheider, dom Hélder Câmara, dom Evaristo Arns, e nos anima na caminhada de uma Igreja que escuta, acolhe e ama, especialmente os excluídos.
Participei da Jornada com índios Pitaguary, do programa Juventude Indígena Realizando Sonhos, uma das atividades do Movimento Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim. A nossa romaria se iniciou em Fortaleza. De Kombi, fomos ao Rio de Janeiro e voltamos, acampando no caminho pelas aldeias indígenas Potyguara e Pataxó e em vários estados. Foram mais de 8.000 quilômetros.
Valeu a pena. Encontramos um papa que gosta do povo, que gosta da alegria e da vivacidade, que gosta dos jovens! Obrigado, papa “Chiquim”. Você é dos nossos.
Por padre Rino Bonvini
Presidente do Movimento Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim
Fonte: Jornal O Povo
Sobre o Movimento Saúde Mental
Fundado em 1996, o Movimento Saúde Mental atua, entre outras coisas, com grupos de terapia comunitária, embasado pela Abordagem Sistêmica Comunitária, e desenvolve atividades para todas as faixas etárias no bairro Bom Jardim, em Fortaleza e bairros vizinhos.