A Casa AME é um lugar para desenvolverem e expressarem as múltiplas inteligências (cinestésica, pictórica, espacial e intrapessoal, entre outras) / Foto: Yasmin Louise

 

Nos dias 22 e 23 de novembro, a Casa AME – Arte, Música e Espetáculo – do MSM foi destaque na Expofavela, realizada no Centro de Eventos, em Fortaleza. O evento, voltado à promoção de inovação e negócios em comunidades periféricas, reconheceu a Casa AME como um dos 15 melhores projetos de empreendedorismo apresentados na feira, lista posteriormente ampliada para 18, ocupando a 8ª posição. No entanto, na segunda votação, a Casa AME não foi selecionada para o Top 10 de negócios sociais.

 

Com um estande que refletiu a criatividade e a força transformadora das mulheres do Grande Bom Jardim, a Casa AME exibiu produtos como quadros, crochê, macramê, cartões orgânicos, pulseiras artesanais e amigurumis, produzidos por mulheres acolhidas pelo projeto. Entre os destaques, estão os Cartões Orgânicos, feitos com materiais orgânicos que já faleceram, como penas de aves, folhas secas e palhas de bananeira.

 

Confira os produtos

 

 

O projeto utiliza a arte como instrumento de cura e transformação social, fundamentado na Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC), a tecnologia socioterapêutica de múltiplo impacto desenvolvida pelo Padre Rino Bonvini no Movimento Saúde Mental (MSM). “Desenvolvemos oficinas que, além de ensinar técnicas como macramê, crochê e pintura, promovem empoderamento e empreendedorismo feminino, ajudando essas mulheres a serem autônomas e alcançarem seu próprio sustento”, explicou Ana Paula Fernandes, coordenadora da Casa AME.  

 

As peças apresentadas foram fruto das oficinas realizadas pela Casa AME. Parte delas, confeccionadas durante as aulas, teve a renda destinada às ações do movimento. Outras peças vieram do acervo pessoal e comercial das artesãs, com os lucros revertidos tanto para as artesãs quanto, parcialmente, para o movimento em forma de doação.

 

A Casa AME ajuda as mulheres do Grande Bom Jardim a superar a Síndrome da Colonialidade Internalizada, reconhecendo seus potenciais e explorando novos caminhos além da vulnerabilidade. “Todo o processo busca fortalecer essas mulheres e oferecer ferramentas para que produzam seu próprio negócio”, finalizou Ana Paula. 

Em 2008, a Casa AME foi reconhecida como Ponto de Cultura pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, consolidando-se como um elo entre a sociedade e o Estado para o desenvolvimento de ações culturais no território.

 

SOBRE A ABORDAGEM SISTÊMICA COMUNITÁRIA (ASC)

 

A ASC é uma metodologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto, que atua na prevenção do sofrimento psíquico e existencial. Organizada sob três princípios – autopoiese Comunitária, Trofolaxe Humana e Sintropia -, a Abordagem Sistêmica Comunitária foi reconhecida, em 2009, como tecnologia socioterapêutica efetiva e replicável pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Já em 2018, a ASC foi considerada uma inovação em Saúde Mental pelo MHIN (Mental Health Innovation Network) – vinculado à Organização Mundial da Saúde.

 

Por Yasmin Louise Szezerbatz, com edição de Elizeu Sousa