A arteterapia utiliza práticas artísticas para trazer bem estar, permitindo o autoconhecimento, autoestima e tranquilidade / FOTO: ARQUIVO MSM
A arte está cada dia mais presente em nossas vidas. Ela cura, liberta, além de ser um dos maiores escapes dos problemas do nosso dia a dia. Mais que um passatempo, o acesso à cultura transforma a realidade ao nosso redor, a partir de cada indivíduo, promovendo até mesmo cuidados com a mente e corpo. A junção entre terapia e arte é o que move a Casa AME do Movimento Saúde Mental.
Fundada em janeiro de 2006, a Casa AME (Arte, Música e Espetáculo) Dom Franco Masserdotti do MSM promove a autoestima, no resgate da cidadania e no fortalecimento da cultura e inclusão social de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social e econômica. Atuando como um espaço do Movimento Saúde Mental (MSM), tem como objetivo proporcionar às comunidades do Grande Bom Jardim e adjacência, um lugar para se desenvolverem e expressarem as múltiplas inteligências (cinestésica, pictórica, espacial e intrapessoal, entre outras).
A arteterapia desenvolvida na Casa AME promove expressões artísticas e práticas terapêuticas, proporcionando o autoconhecimento e alternativas ao tratamento emocional e de sofrimentos psíquicos, acolhendo uma diversidade de público, desde crianças, adolescentes, jovens, adultos, e usuários(as) da Palhoça Terapêutica e do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS- Comunitário do Bom Jardim.
Ao longo dos anos, o projeto oferece diversos cursos incluindo canto, percussão, instrumentos de corda, instrumentos de sopro, artesanato, pintura, teatro, além de passeios culturais e incentivo à leitura com a biblioteca comunitária. Atualmente os participantes têm acesso a oficinas de desenho em parceria pelo Sesc, além de atividades como cineterapia, teoria musical (flauta) e ballet, sempre com o foco terapêutico.
A Casa AME também dispõe de seu espaço para projetos do MSM que atuam na capacitação dos jovens da comunidade, como é o caso do Jovem Aprendiz, que prepara os participantes para o mercado de trabalho. Acreditar no crescimento e desenvolvimento pessoal para uma sociedade melhor é entender que a transformação acontece de dentro para fora. Por isso, a Casa AME busca “exportar” suas ações para fora do MSM, com programas como Movimento AME nas Escolas, oferecendo aulas de canto, dança e percussão na Escola Municipal Raimundo Moreira Sena, no bairro Canindezinho.
Um olhar para o futuro
O interesse no universo virtual está cada vez mais presente nos jovens dos dias de hoje. Para além de ficar horas em frente às telas, conhecimentos de programação e robótica tornam possível um olhar diferente para a tecnologia. Pensando nisso, o LabINEC nasceu. Com laboratório de informática presente nos espaços da Casa AME, o projeto mobiliza crianças e adolescentes com cursos de Robótica, Jogos Digitais e Criação de Aplicativos.
A parceria entre o Movimento Saúde Mental e o Instituto Nordeste Cidadania (Inec) incentiva a aprendizagem informal, social e cooperativa com foco na criação de dispositivos, usando robótica, automação, eletrônica, eletroeletrônica e outras formas artesanais de fabricação de objetos. Ao final da formação de 4 meses, os alunos apresentam um produto.
Colhendo frutos
O resultado de todo o trabalho e esforço está visível em quem faz a Casa AME: os alunos vivenciando novidades e prevenindo a saúde mental.
“Macramê se tornou uma grande paixão na minha vida!”
Foi a partir das aulas de macracê que Iara Sousa se encontrou no artesanato. A moradora do Bom Jardim faz parte do Movimento Saúde Mental desde 2019 e ao visitar o prédio da Casa AME se interessou pela arte.
“Em uma visita a Casa Ame conheci o grupo de macramê, achei muito lindo o trabalho que elas estavam desenvolvendo e me inscrevi para poder também participar. Fui muito bem acolhida, recebi da professora todo apoio necessário para o aprendizado. As tardes ficaram mais agradáveis junto com a turma”, relata.
A participação das aulas fez crescer ainda mais o interesse de Iara pela arte, que passou a empreender com o macramê, unindo a paixão com o profissional. Mas sua paixão a fez ir mais longe, tornando-se também facilitadora da Casa AME. Iara participa das aulas juntamente com a professora Ivoneide, dando suporte e repassando todo seu conhecimento para as outras alunas. “Minha experiência como facilitadora é muito gratificante, porque passar aquilo de você aprender é sempre uma satisfação enorme. É uma troca única, sou grata pelas conexões que eu posso fazer com o grupo! Profissionalmente e pessoalmente me sinto realizada e grata”.
SOBRE A ABORDAGEM SISTÊMICA COMUNITÁRIA
A ASC é uma metodologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto, que atua na prevenção do sofrimento psíquico e existencial. Organizada sob três princípios – autopoiese Comunitária, Trofolaxe Humana e Sintropia -, a Abordagem Sistêmica Comunitária foi reconhecida, em 2009, como tecnologia socioterapêutica efetiva e replicável pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Já em 2018, a ASC foi considerada uma inovação em Saúde Mental pelo MHIN (Mental Health Innovation Network) – vinculado à Organização Mundial da Saúde.
Por Richardson Lael