Um emocionante abraço coletivo das comunidades marcou a celebração de 29 anos de ordenação do padre Rino Bonvini. A Capela de Santo Antônio do Pitaguary, pertencente à Paróquia de São José, em Maracanaú, foi testemunha de uma noite de encontros emocionados, abraços afetuosos, sorrisos largos e afirmação da fé e esperança na missão do padre que deixou a Itália, após sua ordenação em 06 de janeiro de 1996, para encontrar-se no Brasil, mais especificamente na periferia de Fortaleza, no estigmatizado Grande Bom Jardim, com comunidades cheias de vida, desafios e afetos.
Nas falas espontâneas dos representantes das comunidades onde o padre Rino atua, dos movimentos sociais e entidades que apoia, a palavra chave foi gratidão – pela entrega, pelo carinho, pela disponibilidade de ajudar e construir realidades novas e melhores, pelo empenho para incidir sobre políticas públicas na área da saúde mental. Eis algumas das qualidades deste homem que junto com um grupo especial de pessoas dedicadas e envolvidas pelo espírito das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) ousaram criar o Movimento de Saúde Mental (MSM) na segunda metade dos anos 1990, quando poucas pessoas compreendiam a importância de se olhar com cuidado para a dimensão do sofrimento psíquico do ser humano, vítima da Síndrome da Colonialidade Internalizada (SCI), conforme ele define após anos de prática pastoral e clínica, assim como estudioso, professor da Faculdade de Medicina e pesquisador nos estudos de Doutorado e Pós-Doc.
Nessa sinergia, construiu-se colaborativamente a Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC), de forma que a ação do padre e do psiquiatra mistura-se e dá frutos na vivência comunitária. Para Neto Witko Pitaguary, um dos participantes da celebração, o trabalho do padre Rino e do MSM junto à comunidade indígena, iniciado em 2007, estimula o diálogo inter-religioso e cultural, contribuindo para o bem-estar e a saúde mental da população.
Concelebrada com a padre Marco Passerini, confrade seu na Congregação Comboniana , no dia 06 de janeiro, a celebração foi seguida de um delicioso jantar a céu aberto no pátio da capela na Terra Indígena Pitaguary.
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SOBRE A ABORDAGEM SISTÊMICA COMUNITÁRIA
A ASC é uma metodologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto, que atua na prevenção do sofrimento psíquico e existencial. Organizada sob três princípios – autopoiese Comunitária, Trofolaxe Humana e Sintropia -, a Abordagem Sistêmica Comunitária foi reconhecida, em 2009, como tecnologia socioterapêutica efetiva e replicável pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Já em 2018, a ASC foi considerada uma inovação em Saúde Mental pelo MHIN (Mental Health Innovation Network) – vinculado à Organização Mundial da Saúde.
Redação por Milene Madeiro
Fotos por Amanda Richer (Pascom São José de Maracanaú)