(Inauguração da obra de abastecimento de água no território indígena garante água potável para a comunidade / Foto: Neto Pitaguary)

Na tarde desta segunda-feira, 24, foi inaugurada a obra de abastecimento de água no território indígena Pitaguary, em Maracanaú. A solenidade foi realizada pela Prefeitura de Maracanaú, o Sistema Integrado de Saneamento Rural (SISAR), o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), a Cagece e pelas lideranças indígenas do povo Pitaguary. A obra contribui para a melhoria da qualidade de vida das 400 famílias e dos 1.200 habitantes atendidos. Recentemente homenageado como “Guardião Pitaguary”, padre Rino Bonvini, presidente do Movimento Saúde Mental, fez uma benção durante a solenidade.

 

A inauguração da obra de abastecimento que garante a água potável na região é uma conquista do povo Pitaguary, que foi festejada com um ritual do toré. Além dos moradores do território, o evento reuniu caciques, pajés, lideranças indígenas, equipes de unidades de saúde e educação que atuam na comunidade, representantes da Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará, do Governo do Estado e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). 

 

Desde 2007, o Movimento Saúde Mental desenvolve ações e projetos nos territórios Pitaguary de Maracanaú e da Pacatuba. Projetos como o Iandê Memé Maranongara, o Sim à Vida, o Juventude Indígena Realizando Sonhos e apoio à construção da palhoça na comunidade do Santo Antônio no território indígena, são ações que contribuem para o fortalecimento da identidade étnica Pitaguary junto às novas gerações. Atualmente, o projeto Sim à Vida Maracanaú, coordenado por Luana Santos, ajuda a difundir a língua Tupi na comunidade através da música, além de promover outras atividades culturais como os jogos indígenas.

 

A cultura indígena é a base para o desenvolvimento das atividades com as crianças e adolescentes Pitaguary, nos núcleos do SAV em Maracanaú. O projeto acolhe crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, com cadastro NIS. Os beneficiários habitam áreas de vulnerabilidade social de Fortaleza e Maracanaú. São crianças e adolescentes de famílias vulnerabilizadas pela extrema pobreza. No município, o projeto Sim à Vida é realizado em cogestão com a Secretaria de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura de Maracanaú, com apoio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do Governo Federal. 

 

Orientado pela Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC), tecnologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto que ajuda na superação da síndrome da colonialidade internalizada, o projeto Sim à Vida atua como para o fortalecimento e a conexão das novas gerações do povo Pitaguary com a sua cultura e ancestralidade.

 

SOBRE A ABORDAGEM SISTÊMICA COMUNITÁRIA

 

A Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) é um sistema socioterapêutico multidisciplinar e de múltiplo impacto, que atua na prevenção do sofrimento psíquico e existencial. Organizada sob três princípios – Autopoiese Comunitária, Trofolaxe Humana e Sintropia -, a Abordagem Sistêmica Comunitária foi reconhecida, em 2009, como tecnologia socioterapêutica efetiva e replicável pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Já em 2018, a ASC foi considerada uma inovação em Saúde Mental pelo MHIN (Mental Health Innovation Network) – vinculado à Organização Mundial da Saúde. 

 

por Gabriele Félix