Na última quarta-feira, 25, o psiquiatra e padre Rino Bonvini lançou seu livro sobre “Abordagem Sistêmica Comunitária: Uma Socioterapia de Múltiplo Impacto” durante a cerimônia de abertura da Jornada Cearense de Psiquiatria, promovida pela Sociedade Cearense de Psiquiatria (SOCEP) no Hotel Sonata de Iracema, em Fortaleza.

 

Na solenidade, Rino Bonvini abriu espaço para Neto Pitaguary, voluntário do Movimento Saúde Mental (MSM), falar sobre a temática da saúde mental indígena. ´´Hoje, no Ceará, nós temos esse desafio de discutir o suicídio com a população indígena, porque, realmente, é um fator muito sério´´, relatou Neto, enfatizando a urgência do tema.

 

Ele também destacou a importância das práticas terapêuticas como apoio para a comunidade indígena: ´´Todos os dias nós somos procurados por pessoas que têm essa dor, dessa falta de estímulo de vida e procura nas terapias complementares, nas práticas integrativas, um refúgio´´.

 

As Práticas Integrativas e Complementares (PICs), estimulada pelas políticas do Ministério da Saúde, fazem parte da Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) desenvolvida há 28 anos no Movimento Saúde Mental. A ASC é uma tecnologia socioterapêutica de múltiplo impacto, que engloba ações educativas, socioculturais e terapêuticas, contribuindo para a promoção de saúde mental entre os povos Pitaguary em Maracanaú e a comunidade do Grande Bom Jardim, em Fortaleza. 

As PICs, como acupuntura, meditação e fitoterapia, complementam a medicina convencional. “Saber acadêmico é muito importante, mas o saber popular, o que as pessoas trazem de essência da comunidade, é fundamental no processo do povo”, afirmou Neto, ao destacar a importância de integrar saberes ancestrais na promoção da saúde mental indígena.

Desde 2007, o MSM replica a ASC junto a indígenas Pitaguary nos municípios de Maracanaú e Pacatuba (CE), nas aldeias Santo Antônio, Horto, Olho D’água e Monguba. A abordagem desenvolvida a partir das demandas dessas comunidades tem contribuído para a melhoria da saúde mental e do fortalecimento da ancestralidade Pitaguary entre as novas gerações.

A ASC é reconhecida como eficiente, eficaz e replicável em outros territórios pela Fundação Banco do Brasil (2009). Esse processo socioterapêutico também é  reconhecido e integrado ao MHIN (2018), a rede Global de Inovações em Saúde Mental. O MHIN é vinculado à Organização Mundial da Saúde.

 

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SOBRE A ABORDAGEM SISTÊMICA COMUNITÁRIA

A ASC é uma metodologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto, que atua na prevenção do sofrimento psíquico e existencial. Organizada sob três princípios – autopoiese Comunitária, Trofolaxe Humana e Sintropia -, a Abordagem Sistêmica Comunitária foi reconhecida, em 2009, como tecnologia socioterapêutica efetiva e replicável pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Já em 2018, a ASC foi considerada uma inovação em Saúde Mental pelo MHIN (Mental Health Innovation Network) – vinculado à Organização Mundial da Saúde.

Por Yasmin Louise