Com as formações em gastronomia e ações socioterapêuticas, a Escola de Gastronomia Autossustentável (EGA) também fortalece a empregabilidade, um dos determinantes sociais da saúde, atendendo a dimensão inclusiva da Abordagem Sistêmica Comunitária, que contribui para a superação da pobreza no território do Bom Jardim / FOTO: Arquivo MSM
A cada segunda-feira, por uma hora e meia, os/as participantes do Gastronomia e Terapia: Caminho para a Geração de Renda e Autoestima vivenciam momentos únicos que ajudam no seu processo de autoconhecimento e de superação dos problemas existenciais e emocionais. Sâmara Sobreira, coordenadora da EGA, diz que embora nenhum dos/as alunos/as busque o curso tendo o viés terapêutico como propósito, no decorrer da formação, todos/as descobrem o quanto necessitam desse suporte emocional.
Ela ressalta um dado surpreendente: 100% dos/as participantes sofrem com algum transtorno emocional, desde ansiedades leves até depressões profundas. “Algumas pessoas falam assim: eu não sabia que tinha ansiedade, mas hoje vejo que tenho”, destaca Sâmara. Segundo ela, isso acontece à medida que as pessoas passam a partilhar suas histórias e reconhecer suas dores, angústias e inquietações. “O mais bonito é ver a evolução delas, porque ali elas se sentem entendidas, acolhidas, não julgadas. E isso faz toda a diferença”, explica.
Espera-se que as vivências terapêuticas que acontecem ao longo dos seis meses do curso, de forma mais intensa nas segundas-feiras, mas também nos primeiros quinze minutos de cada aula semanal das quatro turmas, somem-se ao conhecimento técnico de cada área gastronômica, para ampliar as condições de superação da pobreza e favorecer a independência financeira e empregabilidade da turma.
Formações gastronômicas seguem com aulas práticas
Na última segunda de fevereiro (24), a facilitadora Julianna Souza esteve à frente da aula do módulo de cidadania, que abordou temas sobre empreendedorismo. Foi discutido como tema principal o plano de negócios, desde sua criação, importância e benefícios.
Já nas formações gastronômicas, na última semana de fevereiro, os/as alunos/as aprenderam preparos específicos em suas áreas. Dos dias 25 a 28, reproduziram receitas doces e salgadas como pães de legumes, grude salgado, bolo regionais (macaxeira, tapioca e milho), brownie, trufas, massas espumosas e aeradas (bem casado, rocambole e torta de morango.
As duas aulas que se seguiram após o carnaval (dias 6 e 7 de março) foram focadas em sobremesas. A turma de Doces e Sobremesas Clássicas e Gourmet fez cupcakes de red velvet com diferentes recheios. A de Pâtisserie e Sobremesas e Confeitaria Contemporânea produziu patê brisée, sablée e sucrée (Tartelete de limão, de frutas vermelhas, banoffee e cheesecake).
Todas as formações possuem suporte metodológico do projeto de extensão Gastronomia Social, do curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará. O Gastronomia e Terapia acontece na Escola de Gastronomia Autossustentável (EGA), com o Termo de Fomento n° 961633 firmado junto ao Ministério das Mulheres, e contribui com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): 3 – Saúde e Bem Estar, 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico, 10 – Redução das desigualdades.
SOBRE A ABORDAGEM SISTÊMICA COMUNITÁRIA
A ASC é uma metodologia socioterapêutica multidisciplinar e de múltiplo impacto, que atua na prevenção do sofrimento psíquico e existencial. Organizada sob três princípios – autopoiese Comunitária, Trofolaxe Humana e Sintropia -, a Abordagem Sistêmica Comunitária foi reconhecida, em 2009, como tecnologia socioterapêutica efetiva e replicável pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Já em 2018, a ASC foi considerada uma inovação em Saúde Mental pelo MHIN (Mental Health Innovation Network) – vinculado à Organização Mundial da Saúde.
Por Richardson Lael